terça-feira, 13 de dezembro de 2011


Crédito nos caixas eletrônicos: caros e difíceis de cancelar

por André Lacasi

Consumidor é claramente iludido e enganado com uma facilidade aparente que só induz ao endividamento

A PROTESTE Associação de Consumidores testou o serviço de crédito oferecido em caixas eletrônicos e constatou que o consumidor deve evitar essa modalidade de empréstimo porque os custos são maiores que na agência e, em caso de arrependimento, o cancelamento é dificultado.  

O consumidor é claramente iludido e enganado com uma facilidade aparente que só induz ao endividamento. Há um flagrante de desrespeito, com as dificuldades impostas para cancelar o crédito.

A PROTESTE fez a simulação desses empréstimos rápidos, para R$ 1mil em 12 vezes para levantar e comparar os custos. Para um empréstimo de R$ 1mil o mesmo consumidor pode gastar de 87,8% no BB até 203,30% no Santander. O que comprova que esta “facilidade” é bem cara.  

Apenas a Caixa, BB e Itau trabalham com taxas de 5,5% em média para estas modalidades, os demais se aproximam de 8%, como é o caso do Citi e Bradesco. Santander e HSBC chegam a quase 10%, ou seja, tão caro ou até mais caro que um cheque especial.  

Além disso, em algumas instituições como Citi, Itau, Bradesco e HSBC, o Custo Efetivo Total (CET) anunciado é inferior ao verdadeiro, iludindo o consumidor. Cabe lembrar que o custo efetivo Total deve englobar no seu cálculo qualquer tipo de custo que o consumidor irá pagar, aí se incluem os impostos também, como o IOF. Dessa maneira a instituição não pode considerar que o CET é o juro mensal expresso em valores anuais.  

Não foi constatada a chance de o consumidor contratar o crédito por engano, pois há várias telas antes de fechar a contratação. O processo de contratação é muito fácil em todos os bancos, mas o cancelamento não. O dinheiro contratado fica disponível imediatamente.  

Após a confirmação do empréstimo no caixa não há nenhuma possibilidade cancelar pelo mesmo canal. Isto ocorreu em todos os bancos. Nem mesmo pela internet se conseguiu. Apenas na agência e com muita dificuldade. As alegações eram de que o cancelamento só poderia ser feito no mesmo dia do empréstimo. Os bancos sugeriram a “liquidação antecipada”, com o pagamento dos juros e taxas pelo dia em que o negócio não foi cancelado. Essa é uma regra interna, não informada previamente e que só prejudica o consumidor.  

Foram avaliados: a oferta insistente; as chances de o consumidor contratar por engano; a possibilidade de cancelamento automático; o respeito ao direito de arrependimento; os canais e a burocracia para o cancelamento e, o custo dessa modalidade comparado ao dos empréstimos tradicionais.  

Para esse teste a PROTESTE selecionou dois consumidores comuns com contas correntes nos maiores bancos do País: Banco do Brasil, Itaú, Santander, Caixa Econômica Federal, HSBC, Bradesco e Citibank. Os colaboradores visitaram os bancos em uma mesma semana de setembro. Todos os bancos, com exceção da Caixa Econômica Federal e do Citibank, ofertam o crédito logo na tela inicial.  

A Caixa foi a única instituição a não ofertar nenhum tipo de empréstimo ao cliente. Para ter acessando a crédito o cliente precisa ir até a agência. O banco não faz nenhuma propaganda de financiamento no caixa eletrônico. O Citibank também não oferece na tela inicial, mas é possível acesso ao crédito pelo menu de operações, apenas quando o cliente seleciona a opção de empréstimos.  

Para o mesmo cliente com movimentos bancários similares e que tem praticamente o mesmo saldo em conta os bancos oferecem diferentes valores. Alguns bancos chegam a disponibilizar mais de R$ 12 mil a este cliente enquanto outros não oferecem mais de R$ 4.000.
Fonte: Proteste.org.br - 13/12/2011

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