quinta-feira, 15 de dezembro de 2011


Big Brother empresarial monitora e-mail pessoal

Cada vez mais, especialistas em segurança de rede são contratados por empresas para trabalharem como hackers e acompanharem o que fazem os seus empregados POR ALESSANDRA HORTO

Rio - Navegar pelas redes sociais e acessar o e-mail pessoal no computador do trabalho podem ser atividades arriscadas para quem deseja privacidade. “O risco de os dados serem monitorados é real”, alerta o especialista em Segurança da Informação Wanderley Abreu Júnior, 32. Há 16 anos, ainda na adolescência, o então hacker invadiu o sistema da Nasa, a agência espacial do governo dos Estados Unidos. Acabou convidado para estagiar na agência.

A empresa dele, a Storm Security, já foi contratada para atuar como detetive virtual. “A pessoa desconfia e contrata um serviço de segurança para monitorar o funcionário, como um detetive virtual. A primeira coisa que a pessoa tem que lembrar é que o computador da firma não é dela”, diz.

Segundo ele, quem gerencia o equipamento tem o direito de fazer qualquer coisa, dentro do limite da lei, naquele equipamento. Inclusive, monitorar o acesso.

Wanderley destaca que, geralmente, as grandes empresas têm acordo de confidencialidade e política de uso de rede. Esse tipo de regra pode bloquear acessos a determinados tipos de sites ou até mesmo permitir que o administrador observe todos os passos do empregado na Internet. “Algumas empresas já me pediram para instalar mecanismos para acompanhar conversas no Facebook, MSN e Gtalk, por exemplo”, contou o especialista.

O advogado do Trabalho José Ribamar Garcia explicou que o uso indevido da Internet em computadores de empresas já gerou demissões, inclusive, por justa causa. “Os empregadores usam como base o Artigo 482 da CLT, que trata o desligamento do funcionário por justa causa. Cabe a interpretação. É comum o patrão advertir a pessoa por duas vezes e, na terceira, demitir”.

Segurança para empresa ou violação de correspondência?

O monitoramento de e-mails pessoais é um tema polêmico na Justiça, já que ainda não foi formulada jurisprudência sobre o tema. A principal preocupação é quando o e-mail pessoal é usado para repassar informações sigilosas da empresa: “Esse é um problema comum, e as empresas têm se atentado para essa questão”, disse Wanderley. Ele completa que o objetivo é assegurar que as informações sigilosas não sejam usadas indevidamente.

O tema é, porém, polêmico. O Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo acatou, por exemplo, recurso de um funcionário demitido por justa causa após usar e-mail pessoal durante horário de trabalho. A decisão foi baseada na Constituição Federal, Artigo 5º, Inciso VIII e sob o entendimento que e-mail caracteriza-se como correspondência pessoal. O fato de ter sido enviado por computador da empresa não lhe retiraria essa qualidade, mesmo que o objetivo da empresa seja a fiscalização.

Cuidados também na residência

A utilização do computador pessoal também deve ser cercada de cuidados. O especialista em Segurança da Informação, Wanderley Abreu Júnior, explica que o micro deve estar vacinado contra vírus: “Existem bons programas gratuitos, como Avast e AVG, que têm recursos contra os tipos de vírus mais comuns”.

Ele ensina que o ideal é que os adolescentes tenham computadores próprios: “Sabemos que os jovens gostam de acessar tudo. Assim, os pais podem monitorar o acesso, mas também proteger outros equipamentos da casa”.

Já a rede sem fio (wireless) em locais públicos como aeroportos e praias pode ser acessada sem muita dor de cabeça. A dica é usar notebook próprio. Já as máquinas de lan house jamais podem ser usadas para inserir qualquer tipo de dado pessoal.


Fonte: O Dia Online - 11/12/2011

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