sexta-feira, 6 de janeiro de 2012


Tentação do parcelamento acaba causando o superendividamento com juros que podem chegar a 238% ao ano



Neste mês, quando começam a chegar as faturas de cartão de crédito com as compras de Natal, consumidores podem cair na tentação de pagar o valor mínimo da fatura.

Mas o juro do crédito rotativo, acionado automaticamente com o parcelamento, chega a 10,69% ao mês e a 238% ao ano, enquanto a poupança rende cerca de 0,65% ao mês e pouco mais de 7% ao ano.

Mesmo quem não tem dinheiro para quitar o total da fatura pode evitar a bola de neve contratando outro tipo de financiamento, em seu próprio banco. A associação de consumidores Pro Teste alerta que a taxa do cartão é a maior do mercado financeiro brasileiro — uma das mais altas do mundo.

Mesmo em países com juro básico superior ao brasileiro, como Argentina e Venezuela, o custo de uso do cartão é menor: fica em 29% e 50%, respectivamente.

— A média de 238% é a oficial, mas há casos em que o crédito rotativo chega a 600% ao ano, se for contratado em financeira — afirma Hessia Costilla, economista da Pro Teste.

A facilidade de utilização e a falta de informações sobre condições de pagamento e valor final da dívida tornam o crédito rotativo uma alternativa arriscada, alertam especialistas.

Uma dívida de R$ 1 mil parcelada na fatura do cartão de crédito chegará a R$ 1,8 mil em um ano, calcula o economista e consultor financeiro Jackson Busato. Se a dívida for integralmente protelada para o último dos 12 meses, alcançará a R$ 3,3 mil.

— É muito comum que as pessoas se percam no uso do crédito rotativo, criando dívidas impagáveis — afirma Busato.

O caminho para evitar o superendividamento com o cartão começa pelo equilíbrio do orçamento doméstico, que prejeva o pagamento integral da conta e evite sobressaltos no final do mês. Prossegue com a opção por pagamento à vista e passa por outras opções de crédito.

—– Não se pode cair no vício do parcelamento. Em muitos casos, a dívida só termina de ser paga no final do ano, com o uso do 13º salário — diz Augusto Pinho de Bem, economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE).

Inadimplência e comodidade elevam taxa, aponta entidade
A aparente comodidade em pagar a fatura mínima do cartão de crédito pode preceder apuros financeiros. A empresária Anaisa Garramones Marques, 52 anos, recorreu à ajuda de uma consultoria financeira para cessar sucessivas contratações de crédito rotativo. A dívida com o serviço alcançou R$ 5 mil e chegou e prejudicar as contas pessoais e as de sua empresa, já que mesclava ambas nos mesmos cartões.

– Tive de pedir para o banco reduzir o limite do meu cartão. Agora, se preciso de dinheiro, prefiro pedir à família – afirma.

A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) explica que o juro do cartão é alto porque o nível de inadimplência é elevado nesse tipo de crédito (acima de 10%, ante 5,5% no crédito pessoal) e pela comodidade na contratação.

O uso do crédito rotativo ainda é relativamente baixo no país: movimenta R$ 36 bilhões ao ano, 3,6% do total utilizado por pessoas físicas.
Fonte: Zero Hora - 05/01/2012

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