Famílias gastam 40% da renda para pagar as dívidas, revela pesquisa
Segundo Wemerson França, economista da LCA Consultores, o dado preocupante é o comprometimento da renda com os juros pagos
O brasileiro está fazendo mais prestações e se endividando mais. Segundo estudo da LCA Consultores, uma extensão do estudo do Banco Central, as famílias comprometeram 40% da sua renda em abril deste ano, enquanto em abril de 2006 o comprometimento foi de 22%.
Se as instituições financeiras resolvessem cobrar toda essa dívida, a conta seria de R$ 653 bilhões e cada família teria que passar 4,8 meses trabalhando apenas para saldar seus débitos. Mas esses não são os principais problemas.
Segundo Wemerson França, economista da LCA Consultores, o dado preocupante é o comprometimento da renda com os juros pagos. Em abril deste ano, o brasileiro comprometeu 14% da renda com o pagamento de juros. Há um ano atrás, o percentual era de 12%. “Se ele pegar um financiamento agora, pagará mais juros. Não tem estratégia. A única dica é adiar mesmo as compras, se não for possível pagar à vista”, aconselha França.
Capacidade Mateus Freire, coordenador do curso de Comunicação e Marketing da Universidade Salvador (Unifacs), lembra que a classe média aumentou o acesso ao crédito, mas isso não significa que tenha dinheiro. “É preciso gastar menos do que se recebe. O crédito não significa dinheiro no bolso. Dinheiro é dinheiro mesmo e não tem substituto”, reforça Freire.
O especialista exemplifica que, com o aumento dos limites no cartão de crédito e do cheque especial, as pessoas ganham R$ 1 mil, mas gastam R$ 1,5 mil todos os meses. É claro que sobre este valor irão incidir juros e o descontrole pode virar uma bola de neve.
Para Freire, o grande vilão para os brasileiros é o cartão de crédito, que com juros de 12% ao mês e a possibilidade de pagamento mínimo de 15% da fatura, leva o consumidor a gastar demais.
“O interessante para as operadoras é que você se endivide. Se você tiver uma fatura de R$ 100, é bom para o cartão de crédito que você pague R$ 15. Porque no próximo mês, ela vai te cobrar praticamente os R$ 100 de novo”, exemplifica.
O especialista ressalta que, por mais que as famílias tentem ter controle sobre as parcelas, vai chegar um momento em que vai ficar inadimplente. Isto porque ela não para de ter acesso ao crédito e, por muitas vezes, não espera acabar uma dívida para fazer outra.
Capacidade Já para Pedro Penteado de Faria e Silva, economista e vice-presidente da proScore, Bureau de Informação e Análise de Crédito, não há problema no endividamento, desde que não se fique inadimplente e pagando juros.
“Os maiores problemas são no cartão de crédito e no cheque. Eles transformam pessoas boas em maus pagadores, porque dá a alguém que ganha R$ 800 um limite de crédito de R$ 3 mil. E a pessoa não pretende usar o limite, mas usa e as parcelas vão se somando”, constata Silva.
Esta foi a situação em que se encontrou Antonio Carlos Lima, aposentado, que há dois anos se livrou dos cartões de crédito. Na época em que gastou mais do que devia, Lima diz que chegou a comprometer mais de 50% da sua renda. Hoje não tem dúvida, só anda com o cartão de débito no bolso. “Gasto o que tenho”, diz.
Outro consumidor que tem parte de sua renda comprometida é Josenildo da Silva Santos, encarregado de logística, que gasta parte do seu orçamento com o financiamento da casa própria. “Até tenho cartão, mas uso com controle”. Santos diz que tem mês que gasta mais de 75% do orçamento com dívidas, mas o comum é poupar um pouco.
Classe C usa mais cartãoEstudo divulgado no final do mês passado pela empresa Visa mostra um aumento da penetração dos cartões de crédito e débito da bandeira nas classes mais baixas, com destaque para a C, cuja penetração chegou a 51% em 2010.
De acordo com o estudo, a classe C foi destaque na utilização do dinheiro de plástico no ano passado, principalmente em compras feitas pela internet: 71% dos pagamentos feitos com Visa em compras pela web foram realizados por esse segmento da população.
A pesquisa também aponta que, em muitos casos, o pagamento por meio eletrônico foi semelhante, quando comparada as diferentes classes sociais. Para se ter uma ideia, 28% dos pagamentos em supermercados realizados pela classe C foram com cartão de crédito. Na classe A, o percentual chegou a 30%.
Livre-se das dívidas
Primeiro passo É ter coragem de assumir para si mesmo que está quebrado e que precisará de um tempo para se refazer
Família É importante juntar a sua esposa (o) e seus filhos e admitir que você está com problemas financeiros e que falhou na administração das finanças da família
Compreensão A compreensão da família irá ajudar a mudar o seu jeito de lidar com as finanças e ela entenderá o que está acontecendo
Levantamento Faça uma lista com todas as dívidas, nome do credor, valor devido, juros e prazos. Tire os itens essenciais e analise todos os outros gastos que podem ser reduzidos
Juros O objetivo imediato é procurar os bancos e estancar o processo de aumento das dívidas, interrompendo a cobrança de juros sobre juros
Crédito Depois, negocie com o gerente a obtenção de uma linha de crédito mais alongada, com juros de 2,5% ao mês e cuja prestação seja menor do que o valor total dos juros pagos mensalmente
Recusa Caso o gerente se recuse a abrir a nova linha de crédito, não se abale. A consequência será a negativação do seu nome, mas isso faz parte do processo de reestruturação
Ajuda Se for necessário, procure um advogado especializado em negociação de dívidas ou um consultor financeiro
“Livre-se das Dívidas”, Reinaldo Domingos
Fonte: Correio da Bahia - 04/07/2011
O brasileiro está fazendo mais prestações e se endividando mais. Segundo estudo da LCA Consultores, uma extensão do estudo do Banco Central, as famílias comprometeram 40% da sua renda em abril deste ano, enquanto em abril de 2006 o comprometimento foi de 22%.
Se as instituições financeiras resolvessem cobrar toda essa dívida, a conta seria de R$ 653 bilhões e cada família teria que passar 4,8 meses trabalhando apenas para saldar seus débitos. Mas esses não são os principais problemas.
Segundo Wemerson França, economista da LCA Consultores, o dado preocupante é o comprometimento da renda com os juros pagos. Em abril deste ano, o brasileiro comprometeu 14% da renda com o pagamento de juros. Há um ano atrás, o percentual era de 12%. “Se ele pegar um financiamento agora, pagará mais juros. Não tem estratégia. A única dica é adiar mesmo as compras, se não for possível pagar à vista”, aconselha França.
Capacidade Mateus Freire, coordenador do curso de Comunicação e Marketing da Universidade Salvador (Unifacs), lembra que a classe média aumentou o acesso ao crédito, mas isso não significa que tenha dinheiro. “É preciso gastar menos do que se recebe. O crédito não significa dinheiro no bolso. Dinheiro é dinheiro mesmo e não tem substituto”, reforça Freire.
O especialista exemplifica que, com o aumento dos limites no cartão de crédito e do cheque especial, as pessoas ganham R$ 1 mil, mas gastam R$ 1,5 mil todos os meses. É claro que sobre este valor irão incidir juros e o descontrole pode virar uma bola de neve.
Para Freire, o grande vilão para os brasileiros é o cartão de crédito, que com juros de 12% ao mês e a possibilidade de pagamento mínimo de 15% da fatura, leva o consumidor a gastar demais.
“O interessante para as operadoras é que você se endivide. Se você tiver uma fatura de R$ 100, é bom para o cartão de crédito que você pague R$ 15. Porque no próximo mês, ela vai te cobrar praticamente os R$ 100 de novo”, exemplifica.
O especialista ressalta que, por mais que as famílias tentem ter controle sobre as parcelas, vai chegar um momento em que vai ficar inadimplente. Isto porque ela não para de ter acesso ao crédito e, por muitas vezes, não espera acabar uma dívida para fazer outra.
Capacidade Já para Pedro Penteado de Faria e Silva, economista e vice-presidente da proScore, Bureau de Informação e Análise de Crédito, não há problema no endividamento, desde que não se fique inadimplente e pagando juros.
“Os maiores problemas são no cartão de crédito e no cheque. Eles transformam pessoas boas em maus pagadores, porque dá a alguém que ganha R$ 800 um limite de crédito de R$ 3 mil. E a pessoa não pretende usar o limite, mas usa e as parcelas vão se somando”, constata Silva.
Esta foi a situação em que se encontrou Antonio Carlos Lima, aposentado, que há dois anos se livrou dos cartões de crédito. Na época em que gastou mais do que devia, Lima diz que chegou a comprometer mais de 50% da sua renda. Hoje não tem dúvida, só anda com o cartão de débito no bolso. “Gasto o que tenho”, diz.
Outro consumidor que tem parte de sua renda comprometida é Josenildo da Silva Santos, encarregado de logística, que gasta parte do seu orçamento com o financiamento da casa própria. “Até tenho cartão, mas uso com controle”. Santos diz que tem mês que gasta mais de 75% do orçamento com dívidas, mas o comum é poupar um pouco.
Classe C usa mais cartãoEstudo divulgado no final do mês passado pela empresa Visa mostra um aumento da penetração dos cartões de crédito e débito da bandeira nas classes mais baixas, com destaque para a C, cuja penetração chegou a 51% em 2010.
De acordo com o estudo, a classe C foi destaque na utilização do dinheiro de plástico no ano passado, principalmente em compras feitas pela internet: 71% dos pagamentos feitos com Visa em compras pela web foram realizados por esse segmento da população.
A pesquisa também aponta que, em muitos casos, o pagamento por meio eletrônico foi semelhante, quando comparada as diferentes classes sociais. Para se ter uma ideia, 28% dos pagamentos em supermercados realizados pela classe C foram com cartão de crédito. Na classe A, o percentual chegou a 30%.
Livre-se das dívidas
Primeiro passo É ter coragem de assumir para si mesmo que está quebrado e que precisará de um tempo para se refazer
Família É importante juntar a sua esposa (o) e seus filhos e admitir que você está com problemas financeiros e que falhou na administração das finanças da família
Compreensão A compreensão da família irá ajudar a mudar o seu jeito de lidar com as finanças e ela entenderá o que está acontecendo
Levantamento Faça uma lista com todas as dívidas, nome do credor, valor devido, juros e prazos. Tire os itens essenciais e analise todos os outros gastos que podem ser reduzidos
Juros O objetivo imediato é procurar os bancos e estancar o processo de aumento das dívidas, interrompendo a cobrança de juros sobre juros
Crédito Depois, negocie com o gerente a obtenção de uma linha de crédito mais alongada, com juros de 2,5% ao mês e cuja prestação seja menor do que o valor total dos juros pagos mensalmente
Recusa Caso o gerente se recuse a abrir a nova linha de crédito, não se abale. A consequência será a negativação do seu nome, mas isso faz parte do processo de reestruturação
Ajuda Se for necessário, procure um advogado especializado em negociação de dívidas ou um consultor financeiro
“Livre-se das Dívidas”, Reinaldo Domingos
Fonte: Correio da Bahia - 04/07/2011
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