quarta-feira, 20 de junho de 2012


Ações sustentáveis podem gerar economia no orçamento

por Aurélio Gimenez

Rio -  Dinheiro não dá em árvore, mas pode vir do lixo. A adoção de ações sustentáveis no dia a dia, além de minimizar o impacto ambiental, pode gerar uma economia no orçamento no final do mês.

Do uso de hidrômetros individuais em condomínios, permitindo o controle racional de água, passando pela coleta seletiva de material reciclável, garantindo bônus na conta de luz, ao desconto nas compras de supermercado para quem substituir as sacolas plásticas, o carioca está aprendendo a economizar — centavo a centavo — em nome de um planeta mais justo e mais sustentável.

“Há dez meses que pago a conta de luz apenas com o material que recolho aqui na comunidade”, conta o motorista Severino Pedrosa, 58 anos, morador do Morro Dona Marta, em Botafogo, e participante do projeto Light Recicla, que distribui bônus na conta de energia em troca de material reciclável.

Além dos residentes da comunidade, o projeto também beneficia os moradores de Botafogo e Humaitá, que têm conta residencial de energia. É que dos quatro locais de coleta, os Ecopontos, dois estão localizados no Dona Marta, um ao lado da estação do metrô e o outro no Largo dos Leões, no Humaitá.

“A troca do material reciclável é uma alternativa de transformação de um cenário que era tomado pelo lixo. É uma ação de saúde pública, de defesa do meio ambiente e que gera uma renda complementar para as pessoas”, destaca a gerente de Atendimento às Comunidades da Light, Fernanda Mayrink.

Todos os moradores da região podem participar do programa e utilizar os seus bônus para reduzir o valor da fatura ou doá-los à instituições sociais e creches do bairro. Programa semelhante também é desenvolvido pela Ampla em municípios atendidos pela concessionária.

Os materiais que valem dinheiro na hora de pagar a conta de luz são papelão, jornais e revistas, garrafas Pet, latas de alumínio, vidro, óleo de cozinha usado, plástico duro e sacolas plásticas.

“O aprendizado inicia dentro de casa ao desligar a luz, fechar a torneira. Depois, aprende-se a reciclar o lixo que, apesar do pequeno valor comercial, traz um benefício a longo prazo de economia dos recursos renováveis”, diz o consultor Marco Quintarelli.

Lixo vira matéria-prima e salário

Produtora de eventos corporativos, a empresária Adriana Gryner fundou a ONG ‘Tem Quem Queira’ para reaproveitar o material que sobrava após os eventos: banners, carpetes e brindes, entre outros. Para transformar a lona em acessórios de luxo, como bolsas e pastas exclusivas, a ONG busca mão de obra no sistema prisional e na comunidade do Turano. “Além de capacitar e oferecer uma profissão, a ONG contrata os trabalhadores. Hoje, são cerca de 50 pessoas que recebem salário de costureiro”, conta.

Parceira no projeto Light Recicla, a ONG ‘Doe O Seu Lixo’ promove a coleta e a triagem de todo o material reciclável que foi trocado pelos moradores da comunidade Santa Marta. Depois de separado, o material — que até então era lixo — retorna para a indústria como matéria-prima.

‘Preservar os recursos naturais’

Cada vez mais os novos condomínios adotam soluções verdes para reduzir custos e preservar os recursos naturais. Além dos hidrômetros individuais, o condomínio Barra Sunday tem uma tubulação especial para coletar o óleo de cozinha e promove a coleta seletiva de material reciclável. Diretor da Protel, que administra o condomínio, Alfredo Lopes diz que a previsão de economia na conta de água é da ordem de 30% ao final do mês.

Já as casas do condomínio ecológico Vale do Tinguá, em Nova Iguaçu, utilizam telhados com material reciclável, boiler com aquecimento solar, madeiras certificadas de reflorestamento, reaproveitam água da chuva para limpeza das áreas em comum e sistema de compostagem para fertilização natural da terra, entre outras medidas sustentáveis.

A Disque Óleo, que atua no Rio e Grande Rio, paga de R$ 0,30 a R$ 0,50 o litro do óleo de cozinha que, depois de reprocessado, serve de matéria-prima para produção de biodiesel e material de limpeza. Conforme a empresa, os moradores da Tijuca são os que mais coletam o produto, assim como os restaurantes da Zona Sul da cidade.
Fonte: O Dia Online - 17/06/2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário