por Camila F. de Mendonça
Educadores explicam que existem sinais que mostram que as crianças podem se tornar futuros adultos consumistas. E o melhor: eles dizem como fazer para evitar
Não é novidade que o comportamento dos pais, em certa medida, influencia o comportamento dos filhos. E, quando se trata de consumo, a influência pode ser ainda maior. E os danos também. Pais consumistas têm grandes chances de terem filhos que, quando adultos, se tornem consumistas também. Contudo, mesmo quando a família tenta manter o controle no orçamento, os filhos podem ir no sentido contrário desse exemplo.
Os motivos para esse comportamento são muitos e variam desde exemplos de fora do núcleo familiar, como os de amigos e parentes da família, até a influência das propagandas e amiguinhos que têm aquele tênis novo, aquele jogo incrível e aquela boneca que fala. E como saber se o seu filho é um pequeno consumidor afoito por consumo?
O especialista em educação financeira e autor de livros sobre finanças para crianças, Álvaro Modernell, explica que existem sinais que ajudam os pais a identificarem um comportamento fora do normal com relação ao consumo das crianças. “O primeiro sinal é o inconformismo a tudo o que ela tem”, diz. A constante insatisfação com os brinquedos e roupas que tem faz com que a criança peça mais. E esse é mais um sinal de um futuro comportamento consumista.
O especialista ainda ressalta que, quando a criança está muito atenta a marcas, os pais precisam redobrar a atenção. “Veja quanto tempo dura a mesada”, aconselha. Se ela acaba muito rápido, é preciso que os pais façam um diagnóstico dos gastos da criança, como explica o educador, terapeuta financeiro e presidente do Instituto DSOP de Educação Financeira, Reinaldo Domingos. “É importante que os pais façam um registro de todo o dinheiro que dão aos filhos por um mês, antes de instituir a mesada”, diz.
A partir dessa conta, eles verificam se os gastos estão saindo do controle. E o normal nesse caso, explica Domingos, é o que está de acordo com a renda dos pais. “A partir disso, é hora de instituir a mesada, que deve ser 50% do valor observado pelos pais durante esse mês”, aconselha Domingos.
Evitando o excesso
Modernell ressalta que não existe problema em consumir. “A questão sempre é o excesso e a frequência desse consumo”, diz o educador. E, para evitar que o pequeno se torne um adulto consumista, ao verificar os sinais que pode levá-lo a isso, os pais precisam agir. “A começar por dizer não”, afirma.
Atentar aos exemplos é primordial. Modernell explica que os pais precisam ter a certeza de que o comportamento negativo deles não está sendo copiado. Domingos reforça que, para que os pais tenham controle dos gastos e do comportamento de consumo dos filhos, eles precisam ter o controle do próprio orçamento.
“Cada família tem o seu padrão de vida. E somente ela pode saber o que pode e o que não pode ser dado para a criança”, diz. Ainda assim, Domingos acredita que as famílias que querem passar bons exemplos devem fazer um planejamento de suas contas para, depois, fazer o planejamento das contas da criança.
A partir desse momento, os pais devem incentivar os gastos com objetivos. “Perguntar para a criança quais são os sonhos dela, seja um jogo novo ou uma viagem para a Disney, e fazê-la entender que certos sonhos têm um preço ajuda ela a entender o valor que o dinheiro tem”, afirma.
Atrelar o sonho à mesada da criança também ajuda. “Se os pais a fizerem entender que, ao guardar 20% ou 30% da mesada, ela pode conquistar esse sonho, a criança cria autonomia e controle sobre o próprio dinheiro que ganha”, aconselha. “Ela precisa entender que o sonho é mais importante que o consumo”.
Fonte: InfoMoney - 26/05/2011